domingo, 4 de dezembro de 2011

A sensualidade do BIAS CUT


Quanto mais eu leio sobre moda, mais eu percebo o quanto eu não sei nada. Sinto-me como uma criança. S-O-F-Á. Mas o que é um sofá, o bebê pensa? Se é que a elaboração se faz assim, já com um ano de idade . (sobre aprendizagem também pouco sei) . A questão é , você fala sofá e mostra o sofá. E a associação se faz. Assim acontece comigo right now. Bias cut dress. Como não tem ninguém aqui pra me mostrar o que é, pesquiso. E descubro que aqueles vestidos de Hollywood dos anos trinta, como este ...


                                                                 ROBERTA (1935)
.... que ressaltam tudo o que há de mais feminino, curvas, são vestidos chamados Bias cut dress. Por quê? Eu já explico. 
A atriz - modelo da foto é Jane Hamilton e participou de vários filmes com Fred Astaire e Ginger Rogers. O diálogo sobre o vestido é perfeito. 

Quando a modelo caminha , Ginger comenta "Mm! Does not she look wonderful in that"  
e Fred responde "Marvelous. Just like a peeled eel."

E Fred tem toda razão, só não estou certa do que ele queria dizer. Eel é enguia. Então falar que parece pele de enguia, ok. Sinuosa, envolvente e perigosa. Uau!!! Agora, procurando no dicionário acho que "peel the eel" é masturbação. Tinha algo mais picante neste comentário, mesmo que em 1935, certo?
Dá uma olhadinha na parte de trás do vestido.


Mas vamos ao que interessa! O que é o Bias cut dress mesmo? Uma coisa é o Bias cut outra é o vestido. Ah, tá. 

Bias cut é uma forma de cortar o tecido, num ângulo oblíquo. Gente, eu também não entendo muito de costura, nem de geometria ehehehheheh
Uma imagem pode ajudar a compreender, espero. É um corte enviesado.



E quem inventou o Bias cut? Pelo jeito, ninguém sabe. Talvez alguma costureira medieval cujo apelido era Bia. O que todo mundo está de acordo é sobre quem popularizou o corte e fez vestidos incríveis. Apresento Madeleine Vionnet, mágica do fenômeno Bias cut dress. A década de 30 marcou o retorno da feminilidade e o Bias Cut era a trend. (uma das)

A design francesa moldava os vestidos em modelos miniaturas. Não desenhava. Era direto da boneca para a modelo de verdade. Vionnet usou crêpe, gabardine e cetim para fazer roupas. Tecidos pouco comuns na moda dos anos 20 e 30. Ela ajudou a dar a nós ,mulheres, liberdade. De espartilhos e enchimentos. Queria valorizar as formas naturais, sem exageros e apertos. E o Bias cut dress fez tudo isso. 


Imagine usar esses vestidos antes da Segunda Guerra Mundial? Uma ousadia. O mais fantástico é como o Bias Cut molda sem grudar no corpo. Ele respeita as suas curvas. A minha dúvida é se , em mim que não tenho curvas, ele cairia bem. Agora, se o corte não fosse feito corretamente era um desastre. Por isso todas grandes atrizes queriam Madaleine Vionnet.  Greta Garbo. 




Marlene Dietrich. 


Graças a Vionnet temos os hauter neck. Ela popularizou a frente única, com elegância, decotes profundos e tecidos nobres. 


 Karl Lagerfeld has said in 1974 that “Vionnet has influenced everyone, whatever one says”


Uma criação inesquecível de Vionnet é o vestido de deusa (Grecian style dress), de 1931. Você , com certeza, viu alguma vez essa fluidez (até rimou) ser copiada por aí. 
"Os vestidos de corte enviesado de Vionnet fizeram com que o tecido flutuasse livremente pelo corpo, realçando as curvas naturais e acentuando - embora não molasse - as formas femininas. Vionnet é tida como a responsável por tornar o corte enviesado um dos mais importantes da moda moderna; ela certamente sabia que cortar o tecido na diagonal faz com que ele mais flexível e elástico, o que resulta num caimento suave e drapeado". 

Parece fácil, um look simples, certo? Se eu mal consegui explicar em palavras como Madeleine Vionnet ( 1876 - 1975) cortava o tecido , imagine com uma tesoura na mão. 

***** E numa reportagem imperdível sobre vestidos que marcaram a história do cinema tem o Bias cut dress. Dê uma olhada.

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